domingo, 22 de março de 2009

IGATU

Igatu , cidade perdida na Chapada Diamantina, cidade como a dos maias, encantada. Para se chegar lá você tem que ter um convite, tem que pegar a rota do coração. Chegando em Andaraí, pode-se pegar a estrada com a bela paisagem da Chapada, os montes azuís ao longe, as flores e rios que colorem o caminho. A estradinha para chegar em Igatu é encantada também, tão estreita como se fosse uma via sem fim. Para se chegar ao local , onde os garimpeiros fizeram glória, tem que encontrar o portal, se não se faz tantas voltas e não se encontra a entrada da cidade.
Olha que Igatu está ali, mas não é qualquer um que pode chegar. É como se a única estrada que leva à cidade, fosse movediça, caso você não seja uma pessoa encantada, não vai poder entrar na cidade, daí se perde , incrivelmente na única estrada.
É tão delicioso chegar ali no alto e ver a cidade cheia de pedras, com um ar de colina. Ar de colinas encantadas. Porque ali parece que o tempo parou e que vai sair da janela uma figura mitológica, um Teseu, forte e viril. Uma senhora velhinha , bruxa , curadeira. Ou dentro de alguma gruta você vai descobrir o mistério do mundo. Ou até encontrar alguma ninfa ou deíade banhando-se na cachoeira.
Ainda tem um museu na cidade com uma vista belíssima , além de obras de arte esplendorosas junto com plantas que parecem do conto de Joãozinho e o Pé de Feijão, as flores e plantas na Chapada tem tanto vigor que são gigantes, vivazes, robustas, alegres e coloridas como o sol da manhã.
Igatu parece um sonho, saímos um pouco do plano da realidade quando nos sintonizamos com o silêncio local, podemos inventar vários personagens para desfilar nas festas religiosas da cidade, na Festa das Almas em que as pessoas desfilam com candeeiros nas mãos e lençóis bramcos no corpo.
E lá por aquelas paragens, Igatu é sublime com as pedras, onde a arquitetura desafia a natureza e dela ergue casas como de montanha , tão singelas e belas e tranquilas que respiram o orvalho da manhã.
Respiramos fundo e o ar entra azul. Ao sairmos de lá nos despedimos de um ilustre morador, o senhor JEGUE, ele tranquilo , a olhar o mundo de um só ângulo , tendo a cenourinha como meta, sem se desviar para os lados, tendo uma meta e com ardor a alcançando , apesar das intempéries da vida. Igatu vai se despedindo de nós ali devagar com suas poucas luzes acendendo, com suas mulheres sofridas carregando lenha na cabeça, mas sorrindo, sorrindo o sorriso mais lindo daquela gente encantada, simples e feliz.

Por Marjorie Jolie

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