domingo, 1 de agosto de 2010

Redenção

Eu sempre tive uma história na mente, um situação que volta várias vezes, mas eu nunca tinha tido vontade de escrevê-la... Mas o engraçado nessa história é que eu apenas sei o início e o final, então o meio eu vou criando aos pouquinhos aqui... 
I

21 de Outubro de 2009, Piracicaba

Eram quase sete da manhã quando Júlia, ainda deitada, olhou o relógio. Deu um pulo da cama, pois estava mais do que atrasada. Correu para o banheiro retirando o velho pijama e ligou o chuveiro, mas não passou nem 2 minutos sob a água gelada. Colocou o mesmo uniforme amarrotado de sempre e escovou os dentes. Não tinha tempo nem razão para comer.

Fechou a porta da entrada do pequeno apartamento que herdara dos pais e foi em direção ao ponto de ônibus da rua ao lado. Não havia problemas com os ônibus, pois quase todos passavam próximo a pousada onde trabalhava como faxineira. Júlia não era velha e muito menos feia, era o que passava pela cabeça dos rapazes ao vê-la naquela espelunca.

Com o mp3 no bolso da calça, ia escutando suas músicas prediletas até chegar ao ponto de ônibus. Era um misto de pop rock com rap, não sabia muito bem como definir sua preferência musical. Mas naquele momento a única coisa que escutava era o tic-tac do relógio de plástico do senhor ao lado. Já se passavam 5 minutos e nenhum sinal do ônibus. Estava ficando preocupada, apesar de chegar atrasada quase todos os dias no trabalho e nunca ser despedida por tal motivo.

Mas, aquele dia era diferente, estava sentindo uma sensação desconfortável, quem sabe um presságio para os mais supersticiosos...

                     ****************************************************

Do outro lado da cidade, Lucas acorda com o choro do irmão ecoando na sala. Eram sete irmãos morando naquele projeto de casa. E ele como mais velho, levantou rapidamente, afinal tinha que cumprir a sua rotina diária.

Tomou um demorado banho gelado, pois sabia que a partir do momento em que saísse pela porta da frente, não havia hora para voltar. Colocou as mesmas roupas de sempre, as únicas roupas arrumadas que possuía. Uma calça jeans preta e uma camisa pólo vermelha, com um tênis de uma marca famosa, falsificado. Pensou em comer algumas coisa, mas imaginou que se comesse, faltaria para algum dos irmãos menores. Arrumou os documentos numa pastinha de plástico e saiu.

Ia caminhando e cumprimentando os amigos que passavam por ele, era bem conhecido na região por ser um bom menino. Uma pessoa responsável que estava à procura de emprego. A única coisa que pensava naquele momento era se o que ia fazer era certo? Será que não existe outra saída? Mas aos poucos foi se lembrando de quantas manhãs saíra de casa com o mesmo pensamento, as mesmas dúvidas e soluções que até agora não haviam surtido efeito algum. Hoje estava determinado. Sabia aonde ir e o que fazer, apesar de um turbilhão de emoções aflorarem a sua mente.

Mas, aquele dia era diferente, estava sentindo uma sensação desconfortável, quem sabe um presságio para os mais supersticiosos...

Iara Luna

Um comentário:

  1. Tô gostando de ver. Até conto está escrevendo. Parabéns! Com muito carinho.

    Mario Rezende

    ResponderExcluir